São Cristóvão, cidade histórica localizada a 23 quilômetros de Aracaju, em Sergipe,
tem mais uma atração turística entre os meses de novembro e janeiro.
Além dos casarões, igrejas e monumentos, como a Praça São Francisco,
considerada Patrimônio Cultural Mundial pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o presépio da casa
de Mirian Nascimento Santos, 92 anos, recebe cerca de mil visitas nesse
período. A tradição de representar o local onde Jesus nasceu começou há
80 anos, quando ela ainda era menina e moldava os animais com as
próprias mãos.
“Eu fazia os bois e cavalos de barro e montava meu presépio em cima de
uma cadeira. Pouco tempo depois casei, e meu esposo também gostava dos
presépios. Comecei a investir nisso. Passo o ano inteiro comprando
coisas e depois passo horas admirando essa beleza que fica”, afirma
Mirian.
Segundo a proprietária da casa onde fica um dos símbolos natalinos do
município, os turistas são os que mais valorizam o trabalho, que demora
cerca de um mês para ser concluído. “Gosto muito de fazer o presépio
porque é uma coisa de Deus e que traz muita gente para minha casa. Gosto
de receber visitas, de conversar e de lembrar dos bons sentimentos que o
Natal desperta e que devem ser para o ano inteiro”, destaca Mirian.
O tema da decoração deste ano é a mistura de povos em celebração ao
nascimento de Jesus Cristo. Cerca de 700 peças montam o cenário que
representa os Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, Argentina, África e cidades do Brasil como Salvador, Rio de Janeiro, Ouro Preto e Caruaru, em Pernambuco.
“Ano que vem queremos representar do nascimento até a ressurreição de
Jesus, mas nós temos muita dificuldade de encontrar as peças em
miniaturas. Algumas casinhas a gente manda fazer de barro e outras peças
minha irmã manda dos Estados Unidos, onde ela mora, ou minhas sobrinhas compram nas viagens pelo mundo. Espero que a gente consiga montar Jerusalém”, revela Manoel Messias Nascimento, 59 anos, filho de Mirian que a ajuda na montagem do cenário.
Por toda a casa estão pelo menos mais mil peças em miniaturas, já
utilizadas em outros anos. “Já recebemos pedidos para montar grandes
presépios na casa de pessoas até de outros estados. Eu até iria, mas
leva muito tempo e o material é difícil de ser encontrado. Só o presépio
deste ano está avaliado em cerca de R$ 6 mil, mas a gente faz por amor e
não cobra nada dos visitantes que nos procuram para registrar essa
obra”, destaca Manoel.
A data tradicional para a desmontagem da decoração natalina é no dia 6
de janeiro, Dia de Reis, mas a família estende esse prazo até o fim do
mês a pedidos dos turistas. O presépio fica localizado em uma casa atrás
da Igreja do Rosário. Como o município é pequeno, as pessoas sabem
explicar como chegar ao local.
Fonte: G1/SE